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6 - VERBO
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Assim se conjugam bulir, cuspir, escapulir, fugir, sacudir. Consumir e sumir têm o o fechado por estar seguido de m.
Observações:
1.a) Assumir, presumir, reassumir, resumir, são regulares:
Pres. ind.: assumo, assumes, assume, assumimos, assumis, assumem.
2.a) os verbos em -uir não apresentam alternâncias vocálicas
no radical;
a 2.a e 3.a pessoa do singular do presente do indicativo têm is e i
em lugar de
es e e, por haver ditongo oral:
constituir: pres. ind.: constituo, constituis, constitui, constituímos,
constituís, constituem.
Assim se conjugam anuir, argüir, atribuir, constituir, destituir, diluir, diminuir, estatuir, imbuir, influir, instituir, instruir, puir (defectivo), restituir, redargüir, ruir.
3.a) Construir, desentupir, destruir, entupir (e cognatos)
seguem este
modelo ou ainda admitem alternância. do u em o aberto na 2.a e 3.a
pessoa do sing. e 3.a do plural do presente do indicativo e na 2.a pessoa do
sing. do imperativo afirmativo.
Entupir e desentupir só se afastam do grupo porque apresentam
es e e na
2.a e 3.a pessoa do sing. do pres. ind.: entupo, entupes (ou
entopes), entupe (ou entope), entupimos, entupis, entupern
(ou entopem).
construo, construis (ou constróis), construi (ou
constrói), construímos,
construis, construem (ou constroem).
Estes verbos são portanto abundantes. Obstruir é,
entretanto, conjugado
apenas como constituir. Cf. obs. 2.a
4.a) Engolir, ainda que se escreva com o, segue o paradigma de acudir; para o Vocabulário de nossa Academia: engulo, engoles, engole, engulimos, engulis, engolem.
Melhor fora, porém, conjugá-lo com o nas duas primeiras
pessoas do plural
do pres. do indicativo, desfazendo-se a incoerência.
d) a vogal i do radical do verbo frigir passa a e
aberto na 2.a e 3.a pess. sing. e na 3.a do plural do pres. do indicativo e na
2.a pess. sing. do imperativo afirm.:
Pres. ind.: frijo, freges, frege, frigimos, frigis, fregem.
Imper. afirm.: frege, frija, frijamos, frigi, frijam.
Verbos notáveis quanto à pronúncia ou flexão.
a) aguar, desaguar, enxaguar, minguar, apropinquar,
conjugam-se com o seguinte modelo:
pres. ind.: águo, águas, água, aguamos, aguais, águam.
pres. subi.: ágüe, ágües, ágüe, agüemos, agüeis, ágüem.
OBSERVAÇÃO: Para o emprego do trema em apropinquar recorde-se o que se disse na pág. 72.
b) apaziguar, averiguar, obliquar,
santiguar, conjugam-se pelo seguinte
modelo :
pres. ind.: apaziguo (ú), apaziguas (ú), apazigua (ú), apaziguamos,
apaziguais, apaziguam (ú).
pres. subj.: apazigúe, apazigúes, apazigúe, apazigüemos, apazigüeis, apazigúem.
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c) Magoar, conjuga-se:
pres. ind.: magôo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam.
pres. subj.: magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem.
d) Mobiliar, conjuga-se:
pres. ind.: mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam.
pres. subj.: mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem.
OBSERVAÇÃO: A variante mobilar apresenta-se regularmente:
mobilo,
mobila, etc.
e) Resfolegar, conjuga-se:
pres. ind.: resfólego, resfólegas, resfólega, resfolegamos, resfolegais,
resfólegam.
pres. subj.: resfólegue, resfólegues, resfólegue, resfoleguemos, resfolegueís,
resfóleguem.
OBSERVAÇÕES:
1.a) A forma contrata de resfolegar é resfolgar, que se apresenta
regularmente: resfolgo, resfolgas, resfolga, etc.
2.a) O substantivo é resfólego, proparoxítono.
f) Dignar-se, indignar-se, obstar, optar, pugnar, impugnar, ritmar, raptar, conjugam-se:
Presente do indicativo | |||||
indigno-me (dí) | obsto (ó) | opto (ó) | impugno (ú) | ritmo (í) | rapto (rá) |
indignas-te (dí) | obstas (ó) | optas (ó) | impugnas (ú) | ritmas (í) | raptas (rá) |
indigna-se (dí) | obsta (ó) | opta (ó) | impugna (ú) | ritma (í) | rapta (rá) |
indignamo-nos | obstamos | optamos | impugnamos | ritmamos | raptamos |
indignais-vos | obstais | optais | impugnais | ritmais | raptais |
indignam-se (dí) | obstam (ó) | optam (ó) | impugnam (ú) | ritmam (í) | raptam (rá) |
g) Obviar, conjuga-se:
pres. ind.. obvio (í), obvias (í), obvia (í), obviamos, obviais, obviam (í).
h) apiedar e moscar, conjugam-se:
apiedar - pres. ind.: apiedo, apiedas, apieda, apiedamos, apiedais, apiedam.
O Vocabulário Oficial confunde o antigo apiadar e
apiedar numa conjugação que não aconselhamos:
pres. ind.: apiado, apiadas, apiada, apiedamos, apiedais, apíadam. (isto é, a
nas formas rizotônicas e e nas arrizotônicas).
A mesma confusão existe, no Vocabulário Oficial, com
moscar e muscar (sumir-se).
pres. ind.: musco, muscas. musca, moscamos, moscais, muscam (isto é, u
nas
formas rizotônicas e o nas arrizotônicas).
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Mais certo seria conjugarmos regularmente moscar:
pres. ind.: mosco, moscas, mosca, moscamos, moscais, moscam;
e muscar:
pres. ind.: musco, muscas, musca, muscamos, muscais, muscam.
A correção, porém, talvez seja mais difícil, por serem muito pouco usados moscar e muscar.
i) Verbos com os ditongos fechados ou e ei : roubar e inteirar.
Conjugam-se não se reduzindo a vogais abertas o e e, respectivamente:
Roubar | Inteirar |
roubo (e não róbo, etc.) | inteiro (e não intéro, etc.) |
roubas | inteiras |
rouba | inteira |
roubamos | inteiramos |
roubais | inteirais |
roubam | inteiram |
j) Verbos com os ditongos fechados eu e oi : tipos
endeusar e noivar.
Conjugam-se mantendo o ditongo sem que o e ou o o passem a timbre
aberto:
endeuso, endeusas, endeusa, etc.;
noivo, noivas, noiva, etc.
OBSERVAÇÃO: O verbo apoiar tinha primitivamente fechado o
ditongo; hoje é mais corrente proferi-lo aberto, o que justifica as formas
apóio, apóias,
etc.
k) Verbos com o hiato au, ai e iu: tipos
saudar, embainhar e amiudar.
Conjugam-se mantendo o hiato:
saudar | embainhar | amiudar |
saúdo | embainho | amiúdo |
saúdas | embainhas | amiúdas |
saúda | embainha | amiúda |
saudamos | embainhamos | amiudamos |
saudais | embainhais | amiudais |
saúdam | embainham | amiúdam |
OBSERVAÇÃO: Arraigar (com hiato) passou desde cedo a arraigar (com
ditongo, ar-rai-gar) e daí a arreigar. As formas com ditongo são mais
freqüentes, embora modernamente se tenha restabelecido arraigar com
hiato. Saudar proferido com ditongo (saudo, saudas, etc.) ocorre
aqui e ali nos poetas e se fixa no falar coloquial e popular.
Verbos terminados em -zer, -zir: tipos fazer e traduzir. - Perdem o e final na 3.a pessoa sing. do presente do indicativo e 2.a pess. sing. do imperativo afirmativo (este caso não é obrigatório e até, com exagero, vem condenado pelos gramáticos), quando o z não é precedido de consoante:
fazer: faço, fazes, faz, etc. Imp. afirm.: faze (ou faz) tu
traduzir: traduzo, traduzes, traduz, etc. Imp. afirm.: traduze (ou
traduz) tu
Mas, cerzir: cirzo, cirzes, cirze, etc.
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Variações gráficas na conjugação. - Muitas vezes altera-se a maneira de
representar na escrita a última consoante do radical para conservar o mesmo som:
1 - os verbos terminados em -car e -gar mudam o c ou g em qu ou gu, quando tais consoantes são seguidas de e :
pecar: peco, peques;
cegar: cego, cegues.
2 - os verbos terminados em -cer ou -cir têm c cedilhado antes de a ou o:
conhecer: conheço, conheces, conhece;
ressarcir: ressarço, ressarces.
3 - os verbos terminados em -çar perdem a cedilha antes do e:
começar: começo, comeces.
4 - os verbos terminados em -ger ou -gir mudam o g em j antes de a ou o:
eleger: elejo, eleges;
fugir: fujo, foges.
5 - os verbos terminados em -guer ou -guir perdem o u antes de a ou o:
erguer: ergo, ergues, erga.
conseguir: consigo, consegues, consiga.
A vogal e passa a ser grafada i quando entra num ditongo oral (verbos em -uir): atribuo, atribuis, atribui.
Estas variações gráficas não constituem irregularidades de conjugação, não havendo, por isso, verbos irregulares gráficos.
Verbos em -ear -iar. - Os verbos em -ear trocam o e por ei nas formas rizotônicas:
Nomear:
pres. ind.: nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam.
pres. subj,: nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis, nomeiem.
imper. afirm.: nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem.
Os verbos em -iar são conjugados regularmente:
Premiar:
pres. ind.: premio, premias, premia, premiamos, premiais, premiam
pres. subj., premie, premies, premie, etc.
imper. afirm.: premia, premie, premiemos, premiai, premiem.
Cinco verbos em iar se conjugam, nas formas rizotônicas, como se terminassem em -ear (MARIO é o anagrama que deles se pode formar):
mediar: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam
ansiar: anseio, anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam
remediar: remedeio, remedeias, remedeia, remediamos, remediais,
remedeiam
incendiar: incendeio, incendeias, incendeia, incendiamos, incendiais,
incendeiam
odiar: odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam
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OBSERVAÇÕES:
1a) Enquanto no Brasil já vamos conjugando os verbos em -ear e -iar
pelo
que acabamos de expor, entre os portugueses ainda se notam vacilações em muitos
que, grafados com -iar, deveriam seguir o modelo de premiar, mas
se acostam ao de nomear: além do próprio premiar, agenciar,
comerciar, licenciar, negociar, penitenciar, obsequiar, presenciar,
providenciar, reverenciar, sentenciar, vangloriar, vitoriar, evidenciar,
gloriar, diligenciar, e outros.
2.a) Hoje não fazemos distinção entre crear (tirar do nada,
dar existência) e
criar (educar, cultivar, promover o desenvolvimento), usando apenas
criar
para ambos os casos, que se conjuga como premiar. Entre escritores
modernos, porém, podem ocorrer exemplos de crear, conjugado como
nomear.
3.a) A diferença de conjugação torna-se imperiosa nos parônimos: afear e afiar, arrear e arriar, estrear e estriar; vadear e vadiar, etc.
Quando grafar -ear ou -iar. - Grafam-se com -ear os verbos que possuem formas substantivas ou adjetivas cognatas terminadas em:
a) -é, -eio, -eia, -éia :
pé - apear
passeio - passear
ceia - cear
idéia - idear
Exceção: fé - fiar
b) consoante ou pelas vogais átonas -a, -e -o precedidas de consoante:
mar - marear
casa - casear
pente - pentear
branco - branquear
Exceções:
amplo - ampliar
breve - abreviar
finança - financiar
graça - agraciar
lume - alumiar
sede - sediar
êxtase - extasiar
1ncluem-se entre os verbos em -ear: atear, bambolear,
bruxulear, cecear, derrear, favonear, pavonear, semear, vadear.
Grafam-se com -ar os verbos que possuem formas substantivas cognatas
terminadas em:
a) -io, -ia:
alívio - aliviar
sócio associar
óbvio obviar
delícia - deliciar
polícia - policiar
assovio - assoviar
b) -ância, -ência, -ença:
distância - distanciar
diligência - diligenciar
presença - presenciar
sentença - sentenciar
Incluem-se no rol dos verbos em -iar: anuviar, apreciar, depreciar, saciar.
Observação: Muitas vezes o final -ear ou -iar se pode
alternar com o
simples -ar: azular ou azulear; bajar ou bagear (produzir vagens);
diferenciar
ou diferençar; balançar ou balancear, etc.
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Erros freqüentes na conjugação de alguns verbos
a) Vir e seus derivados
No presente do indicativo temos:
venho, vens, vem, vimos (e não viemos), vindes, vêm.
No pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram.
O gerúndio é igual ao particípio, porque neste desapareceu a vogal temática: vindo (vi-ndo) e vindo (vin-i-do).
Notem-se estes erros comuns nos derivados de vir, no pret. perf. ind.:
Os guardas interviram na discussão
(por intervieram).
A professora interviu no caso (por interveio).
O futuro do subjuntivo é vier: Quando eu vier... (e não vir).
b) Ver e seus derivados
Prover não se conjuga como ver no:
pret. perf. ind.: provi, proveste, proveu, provemos, provestes,
proveram.
m.-q.-perf. ind.: provera, proveras, provera, provêramos, provêreis, proveram.
imperf. subj.: provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis,
provessem.
fut. subi.: prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem.
particípio: provido.
Rever é conjugado por ver; por isso está errada a flexão em:
A aluna reveu (em vez de reviu) a prova.
Antever é conjugado como ver e, por isso, enganou-se
o nosso Casimiro
de Abreu ao escrever:
"Quem antevera (com e) que dum povo a ruína
Pelo seu próprio rei cavada fosse?" (Obras, 34, ed. S. DA SILVEIRA).
O futuro do subjuntivo é vir:
Quando eu vier à cidade e vir oportunidade de comprá-lo, então o farei (e não ver!).
c) Precaver-se.
É verbo defectivo que nada tem com ver ou vir; por isso evite-se dizer
Eu me precavejo ou Eu me
precavenho.
Precavejam-se ou
Precavenham-se.
Para sua conjugação, veja-se pág. 108.
d) Reaver.
É verbo defectivo, derivado de haver, que só se conjuga nas formas em que este possui -v-. Não se deve dizer:
Eu reavejo ou Eu reavenho.
Cuidado especial merece também o pret. perf.: reouve, reouveste, reouveram.
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Por isso evitem-se empregos. como: eu reavi, ele reaveu, etc. Cf. Pág. 108.
e) Ter e seus derivados
Deter, derivado de ter, conjuga-se como este. Logo está errada a
frase:
O policial deteu (por deteve!) o criminoso.
f) Por e seus derivados.
Opor é derivado de por e por ele se modela na conjugação. Assim enganou-se o poeta Porto-Alegre nestes versos, usando opor em vez de opuser :
"Se aos paternos errores de contraste,
E à minha influição opor virtudes"
(Colombo, 11, 154 apud S. Silveria, Obras de Casimiro de Abreu, 34).
g) Estar e seus derivados.
Sobrestar é derivado de estar e por ele se conjuga; porém, costuma-se ver modelado pelo verbo ter, como se fosse sobrester. Assim não está certo o seguinte exemplo de Alberto de Oliveira:
"Deixando a enferma, sobrestenho o passo"
(Poesias, 4.a série, apud S. SILVEIRA, ibid.).
h) Haver-se e avir-se.
Estes verbos têm empregos diferentes. Haver-se significa:
1) proceder, portar-se :
"Ele, porém, houve-se com a maior delicadeza"
(M. De Assis, Brás Cubas, 364).
2) ser chamado a ordem, entrar em disputa com alguém, conciliar, (haver-se com alguém), e aparece nas ameaças:
Ele tem de se haver comigo.
"Aquele que sobre ti lançar vistas de amor ou de cobiça, comigo se
haverá"
(MARTINS PENA, Comédias, 139 apud S. Silveira, Lições, 361).
Avir-se é sinônimo de haver-se, no sentido 2), isto é, significa entrar em acordo com, conciliar:
"Lá se avenham os sorveteiros com Boileau" (Filinto Elísio, Obras,
V, 46 apud
R. Barbosa, Réplica, 391 nota).
Desavir-se é o contrário de avir-se:
Os amigos se desavieram (e não se desouveram!) por muito pouco.
Erra-se freqüentes vezes empregando-se, nas ameaças, avir-se por haver-se :
Ele tem de se avir comigo (em lugar de se haver).