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6 - VERBO
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3.a pessoa do singular: geralmente falta a desinência de 3.a pess. do singular; só o pretérito perfeito do indicativo é que apresenta -u :
cant-o-u, vend-e-u, part-i-u
1.a pessoa do plural: a desinéncia é sempre -mos:
cant-a-mos, vend-e-mos, part-i-mos
2.a pessoa do plural: a desinência é -is; aparece -des no futuro do subjuntivo, infinitivo flex. e no presente do indicativo de alguns verbos irregulares (ter, vir, por, ver, rir, ir); o pret. perfeito do indicativo apresenta -stes e o imperativo -i (na 3.a conj. há crase com a vogal temática):
cant-a-is, vend-e-is, part-is
cant-a-r-des, vend-e-r-des, part-i-r-des
cant-a-stes, vend-e-stes, part-i-stes
cant-a-i, vend-e-i, part-i.
3.a pessoa do plural: a desinência é -m, que nasaliza a vogal precedente; no futuro do subjuntivo e infinitivo aparece em; o pret. perfeito do indicativo apresenta -ram :
cant-a-m, vend-e-m, part-e-m
cant-a-r-em, vend-e-r-em, part-i-r-em
cant-a-ram, vend-e-ram, part-i-ram
Observação: No futuro do presente dá-se uma ditongação; a nasalidade é indicada por til e se sobrepõe à característica temporal:
cant-a-rão, vend-e-rão, part-i-rão
Tempos primitivos e derivados. - No estudo dos verbos, principalmente
dos irregulares, torna-se vantajoso o conhecimento das formas verbais que se
derivam de outras chamadas primitivas.
1 - Praticamente do radical da 1.a pessoa do presente do indicativo sai todo o presente do subjuntivo, bastando que se substitua a vogal final por e, nos verbos da 1.a conjugação, e por a nos verbos da 2.a e 3.a conjugações:
Presente do indicativo | Presente do subjuntivo | |
cantar | canto | cante |
vender | vendo | venda |
partir | parto | parta |
Exceções :
ser | sou | seja |
dar | dou | dê |
estar | estou | esteja |
haver | hei | haja |
ir | vou | vá |
querer | quero | queira |
saber | sei | saiba |
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2 - Praticamente da 2.a pessoa do singular e plural do presente do
indicativo saem a 2.a pessoa do singular e plural do imperativo, bastando pessoa
do singular.
OBSERVAÇÃO: Os verbos em -zer ou -zir podem perder, tia 2.-a
ainda o e final, quando o z não é precedido de consoante: faze (ou
faz)
tu, traduz
O imperativo em português só tem formas apenas para as segundas pessoas; as pessoas que faltam são supridas pelos correspondentes do presente subjuntivo. Não se usa o imperativo de 1.a pessoa do singular. As terceiras pessoas do imperativo se referem a você, vocês e não a eles.
Também não se usa o imperativo nas orações negativas; neste caso empregam-se as formas correspondentes do presente do subjuntivo.
3 - Do tema do pretérito perfeito do indicativo (que praticarem acha suprimindo a desinência pessoal da 1.a pessoa do plural ou 2.a de p. do singular) saem
a) o mais-que-perfeito do indicativo, com o acréscimo de -ra (re): ra, ra-s, ra, ra-mos; re-is; ra-m;
b) o imperfeito do subjuntivo, com o acréscimo de -sse: sse, sse-s, sse, sse-mos, sse-is, sse-m;
c) o futuro do subjuntivo, com o acréscimo de -r:
4 - Do infinitivo não flexionado se formam:
a) o futuro do presente, com o acréscimo ao tenia de ra (re) tônico:
re-i, rá-s, rã, re-mos, re-is, rã-o
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b) o futuro do pretérito, com o acréscimo de -ria (rie): ria, ria-s, -ria,
ria-mos, ríe-is, ria-m.
Infinitivo | Futuro do presente | Futuro do pretérito |
cantar | cantarei | cantaria |
cantarás | cantarias | |
cantará | cantaria | |
cantaremos | cantaríamos | |
cantareis | cantaríeis | |
cantarão | cantariam |
Exceções: dizer, fazer, trazer,
que fazem direi, farei, trarei, diria, faria, traria.
c) O imperfeito do indicativo, com o acréscimo de -va (ve), na 1.a conj., e -a(e), na 2.a e 3.a:
cant-a-va, cant-a-va-s, cant-a-va, cant-á-va-mos, cant-á-ve-is,
cant-a-va-m
vend-i-a, vend-i-a-s, vend-i-a, vend-í-a-mos, vend-í-e-is, vend-i-a-m
part-i-a, part-i-a-s, part-i-a, part-í-a-mos, part-í-e-is, part-i-a-m.
A parte, temos:
a) ser (era, eras, etc.)
b) ter (tinha, tinhas, etc.)
c) vir (vinha, vinhas, etc.)
d) por (punha, punhas, etc.)
A sílaba tônica nos verbos: formas rizotônicas e arrizotônicas.
- Rizotônica é a forma verbal cuja sílaba tônica se acha numa das sílabas do
radical:
quero, canto, canta, vendem, feito.
ARRIZOTÔNICA é a forma verbal cuja sílaba tônica se acha fora do radical:
queremos, cantais, direi, vendido.
A língua portuguesa é mais rica de formas rizotônícas.
São normalmente rizotônicas:
a) as três pessoas do singular e a 3.a do plural do presente do indicativo a do subjuntivo, e as correspondentes do imperativo;
b) os particípios irregulares;
c) a 1.a pessoa e 3.a singular do pretérito perfeito dos verbos irregulares fortes: coube, fiz, fez.
Nos verbos defectivos em geral faltam as formas rizotônicas.
Em vista do exposto, as três pessoas do singular e a 3.a do plural do pres. do
indic. e subjuntivo têm sempre acentuada a penúltima sílaba:
frutifico, vociferas, sentencia, trafegam.
Exceções:
a) resfolegar e tresfolegar fazem resfólego, resfólegas,
resfólega, resfólegam, etc. Existem ainda as formas reduzidas resfolgar
e tresfolgar,
de acentuação regular: resfolgo, tresfolgo, etc.
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b) mobiliar faz mobílio, mobílias, mobília,
mobiliamos, mobiliais,
mobíliam; mobílie, mobílies, mobílie, etc. Existem ainda as formas
mobilar (1) e mobilhar que se conjugam de acordo com a regra
geral: mobilo, mobilas; mobilho, mobilhas, etc.
(1) No Brasil só por imitação literária aparece este verbo. Dele nos diz
Manuel Bandeira:
"Este lusitanismo está sendo introduzido por certos revisores à revelia dos
autora; já me enxertaram a antipática palavra numa tradução minha, mas eu juro
que não a escrevi, nem jamais a escreverei: escreverei sempre 'mobiliada'
(Poesia e Prosa, ed, Aguilar, II, 441).
Mobilar é forma de pouca aceitação entre brasileiros: "Eu vivia encantonada na sala da frente, que ia de oitão a outro, com várias sacadas para o largo, mobiliada (atenção revisor: não ponha 'mobilada', que é palavra que eu detesto) com uma cama-de-vento, uma cadeira e um lavatório de ferro" (MANUEL BANDEIRA) (2).
(2) Poesia e Prosa, 11, 459-460, ed. Aguilar.
Alternância vocálica ou metafonia. - Assim se chama a mudança de timbre que sofre a vogal do radical de um vocábulo na forma rizotônica. Muitos verbos da língua portuguesa apresentam este fenômeno:
ferver: fervo, ferves, ferve, fervemos, fervem (o e tônico é fechado na 1.a pess. do sing. e na 1.a e 2.a pess. do plural; nas outras, é de timbre aberto).
Na 1.a conjugação:
a) a vogal a, não seguida de m, n ou nh, passa a ser proferida bem aberta:
falar: falo, falas, fala, falamos, falais, falam
chamar: chamo, chamas, chama, chamamos, chamais, chamam
b) ao e fechado corresponde e aberto, exceto quando não vem seguido de m, n, nh, j, x, ch, lh :
levar. levo, levas, leva, levamos, levais, levam
remar: remo, remas, rema, remamos, remais, remam
alvejar: alvejo, alvejas, alveja, alvejamos, alvejais, alvejam
pretextar: pretexto, pretextas, pretexta, pretextamos, pretextais,
pretextam
fechar: fecho, fechas, fecha, fechamos, fechais, fecham
aparelhar: aparelho, aparelhas, aparelha, aparelhamos, aparelhais,
aparelham
Exceções: invejar (tem e aberto); chegar, ensebar não sofrem metafonia.
Pesar, no sentido de causar tristeza, desprezar, é arrolado
também como exceção; porém, no Brasil, o uso mais corrente é conjugá-lo como
levar. Os gramáticos recomendam-no com e fechado: pesa, pesam;
pese,
pesem, etc. (é verbo defectivo, só usado nas terceiras pessoas).
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c) a vogal o passa a o aberto quando não seguida de m, n, nh
ou o verbo não termina por -oar:
tocar: toco, tocas, toca, tocamos, tocais, tocam
sonhar: sonho, sonhas, sonha, sonhamos, sonhais, sonham
perdoar: perdôo, perdoas, perdoa, perdoamos, perdoais, perdoam.
Na 2.a conjugação:
a) as vogais tônicas e e o soam com timbre aberto na 2.a e 3.a pessoa do singular e na 3.a do plural do pres. do ind. e na 2.a pess. sing. do imperativo afirmativo, salvo se vierem seguidas de m, n ou nh :
dever: devo (ê), deves (é), deve (é), devemos, deveis, devem (é)
roer: rói, roei (ô)
volver: volvo (ô), volves (ó), volve (ó), volvemos, volveis, volvem
(ô)
temer: temo (ê), temes (ê), teme (ê), tememos, temeis, temem.
comer: como (ô), comes (ô), come (ô), etc.
Exceções: querer e poder têm a vogal tônica aberta na 1.a pess. do sing.
Na 3.a conjugação:
a) a vogal e, última do radical, sofre alternâncias diversas quando
nela recai o acento tônico:
1 - passa a i na 1.a pess. do sing. do indic., e em todo o presente do
subj. e e aberto na 2.a e 3.a pess. sing. e 3.a do plural do pres. do
indic.e 2.a pess. sing. do imperativo nos verbos:
aderir, advertir, aferir, assentir, auferir, compelir, competir, concernir,
conferir, conseguir, consentir, convergir, deferir, desferir, desmentir, despir,
desservir, diferir, digerir,
discernir, dissentir, divergir, divertir, expelir, ferir, impelir, ingerir,
mentir, preferir,
pressentir, preterir, proferir, prosseguir, referir, refletir, repelir, repetir,
seguir, servir,
sugerir, transferir, vestir:
vestir: visto, vestes, veste, etc.
Observação: Se o e for nasal mantém-se inalterável, exceto na 1.a pess. singular do pres. do ind. e em todo o pres. do subj., onde passa a i:
sentir: sinto, sentes, sente, etc.
2 - passa a i nas três pessoas do singular e terceira do plural do pres. ind., em todo o pres. do subj. e imperativo, salvo, neste, a 2.a pess. pl.:
agredir, cerzir, denegrir, prevenir, progredir, regredir, transgredir, e remir (este defectivo; cf. 108).
Pres. ind.: agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem
Pres. subi.: agrida, agridas, agrida, etc.
Imp. afirmat.: agride, agrida, agridamos, agredi, agridam
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3 - os verbos medir, pedir, despedir, impedir e derivados têm e
aberto nas formas rizotônicas, isto é, nas três pessoas do singular e 3.a do
plural do presente do indicativo e subjuntivo, e no imperativo afirmativo,
exceto, neste, na 2.a pessoa do plural:
Medir :
pres. ind.: meço, medes, mede, medimos, medis, medem
pres. subj.: meça, meças, meça, etc.
imper. afirm.: mede, meça, meçamos, medi, meçam.
4 - Os verbos aspergir, emergir, imergir e submergir têm e tônico fechado na 1.a pessoa do singular do presente do indicativo (e formas que daí se derivam); têm e aberto na 2.a e 3.a do singular e 3.a do plural do presente do indicativo (e formas que daí se derivam):
aspergir: asperjo (ê), asperges (é), asperge (é), aspergimos, aspergis, aspergem (é).
b) a vogal o sofre também alternâncias diferentes, quando
nela recai o acento tônico:
1 - Passa a u na 1.a pessoa sing. do pres. ind., em todo o pres. subj. e
no imperativo, salvo, neste, a 2.a pess. do singular e plural; e passa o
aberto na 2.a e 3.a sing. e 3.a do plural do, pres. ind. e 2.a do singular do
imperativo:
dormir :
pres. ind.: durmo, dormes, dorme, dormimos, dormis, dormem
pres. subj.: durma, durmas, durma, etc.
imper. afirm.: dorme, durma, durmamos, dormi, durmam
Assim se conjugam cobrir, descobrir, encobrir, recobrir, tossir. Dormir e tossir são regulares no particípio: dormido, tossido.
Para a conjugação de engolir e desengolir que, a rigor, deveriam seguir este modelo, veja-se o que se diz mais adiante.
2 - Passa a u nas três pessoas do sing. e 3.a do plural do
presente do indicativo, em todo o pres. do subjuntivo e no imperativo
afirmativo, exceto, neste, a 2.a pessoa do plural: :
sortir :
pres. ind.: surto, surtes, surte, sortimos, sortis, surtem
pres. subj.: surta, surtas, surta, etc.
imperat. afirm.: surte, surta, surtamos, sorti, surtam
Por este modelo se conjugam despolir e polir (cf.
pág. 108). Antigamente
seguiam este paradigma cortir e ordir, hoje grafados curtir
e urdir e de conjugação regular.
c) a vogal u da penúltima sílaba do radical passa a o aberto na 2.a e 3.a pess. do singular e 3.a do plural do presente do indicativo e na 2.a pessoa do singular do imperativo afirmativo:
acudir :
pres. ind.: acudo, acodes (ó), acode (ó), acudimos, acudis, acodem (ó)
pres. subj.: acuda, acudas, acuda, etc.
imper. afirm.: acode (ó), acuda, acudamos, acudi, acudam