Изучение языков: Португальский: Грамматика 06


6 - VERBO


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3.a pessoa do singular: geralmente falta a desinência de 3.a pess. do singular; só o pretérito perfeito do indicativo é que apresenta -u :

cant-o-u, vend-e-u, part-i-u

1.a pessoa do plural: a desinéncia é sempre -mos:

cant-a-mos, vend-e-mos, part-i-mos

2.a pessoa do plural: a desinência é -is; aparece -des no futuro do subjuntivo, infinitivo flex. e no presente do indicativo de alguns verbos irregulares (ter, vir, por, ver, rir, ir); o pret. perfeito do indicativo apresenta -stes e o imperativo -i (na 3.a conj. há crase com a vogal temática):

cant-a-is, vend-e-is, part-is
cant-a-r-des, vend-e-r-des, part-i-r-des
cant-a-stes, vend-e-stes, part-i-stes
cant-a-i, vend-e-i, part-i
.

3.a pessoa do plural: a desinência é -m, que nasaliza a vogal precedente; no futuro do subjuntivo e infinitivo aparece em; o pret. perfeito do indicativo apresenta -ram :

cant-a-m, vend-e-m, part-e-m
cant-a-r-em, vend-e-r-em, part-i-r-em
cant-a-ram, vend-e-ram, part-i-ram

Observação: No futuro do presente dá-se uma ditongação; a nasalidade é indicada por til e se sobrepõe à característica temporal:

cant-a-rão, vend-e-rão, part-i-rão

Tempos primitivos e derivados. - No estudo dos verbos, principalmente
dos irregulares, torna-se vantajoso o conhecimento das formas verbais que se derivam de outras chamadas primitivas.

1 - Praticamente do radical da 1.a pessoa do presente do indicativo sai todo o presente do subjuntivo, bastando que se substitua a vogal final por e, nos verbos da 1.a conjugação, e por a nos verbos da 2.a e 3.a conjugações:

  Presente do indicativo Presente do subjuntivo
cantar canto cante
vender vendo venda
partir parto parta

Exceções :

ser sou seja
dar dou
estar estou esteja
haver hei haja
ir vou
querer quero queira
saber sei saiba

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2 - Praticamente da 2.a pessoa do singular e plural do presente do
indicativo saem a 2.a pessoa do singular e plural do imperativo, bastando pessoa do singular.


OBSERVAÇÃO: Os verbos em -zer ou -zir podem perder, tia 2.-a
ainda o e final, quando o z não é precedido de consoante: faze (ou faz)
tu, traduz

O imperativo em português só tem formas apenas para as segundas pessoas; as pessoas que faltam são supridas pelos correspondentes do presente subjuntivo. Não se usa o imperativo de 1.a pessoa do singular. As terceiras pessoas do imperativo se referem a você, vocês e não a eles.

Também não se usa o imperativo nas orações negativas; neste caso empregam-se as formas correspondentes do presente do subjuntivo.

3 - Do tema do pretérito perfeito do indicativo (que praticarem acha suprimindo a desinência pessoal da 1.a pessoa do plural ou 2.a de p. do singular) saem

a) o mais-que-perfeito do indicativo, com o acréscimo de -ra (re): ra, ra-s, ra, ra-mos; re-is; ra-m;

b) o imperfeito do subjuntivo, com o acréscimo de -sse: sse, sse-s, sse, sse-mos, sse-is, sse-m;

c) o futuro do subjuntivo, com o acréscimo de -r:

4 - Do infinitivo não flexionado se formam:
a) o futuro do presente, com o acréscimo ao tenia de ra (re) tônico:
re-i, rá-s, rã, re-mos, re-is, rã-o
 


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b) o futuro do pretérito, com o acréscimo de -ria (rie): ria, ria-s, -ria,
ria-mos, ríe-is, ria-m.

Infinitivo Futuro do presente Futuro do pretérito
cantar cantarei cantaria
  cantarás cantarias
  cantará cantaria
     
  cantaremos cantaríamos
  cantareis cantaríeis
  cantarão cantariam


Exceções: dizer, fazer, trazer,
que fazem direi, farei, trarei, diria, faria, traria.

c) O imperfeito do indicativo, com o acréscimo de -va (ve), na 1.a conj., e -a(e), na 2.a e 3.a:

cant-a-va, cant-a-va-s, cant-a-va, cant-á-va-mos, cant-á-ve-is, cant-a-va-m
vend-i-a, vend-i-a-s, vend-i-a, vend-í-a-mos, vend-í-e-is, vend-i-a-m
part-i-a, part-i-a-s, part-i-a, part-í-a-mos, part-í-e-is, part-i-a-m.

A parte, temos:
a) ser (era, eras, etc.)
b) ter (tinha, tinhas, etc.)
c) vir (vinha, vinhas, etc.)
d) por (punha, punhas, etc.)

A sílaba tônica nos verbos: formas rizotônicas e arrizotônicas. - Rizotônica é a forma verbal cuja sílaba tônica se acha numa das sílabas do
radical:

quero, canto, canta, vendem, feito.

ARRIZOTÔNICA é a forma verbal cuja sílaba tônica se acha fora do radical:

queremos, cantais, direi, vendido.

A língua portuguesa é mais rica de formas rizotônícas.

São normalmente rizotônicas:

a) as três pessoas do singular e a 3.a do plural do presente do indicativo a do subjuntivo, e as correspondentes do imperativo;

b) os particípios irregulares;

c) a 1.a pessoa e 3.a singular do pretérito perfeito dos verbos irregulares fortes: coube, fiz, fez.

Nos verbos defectivos em geral faltam as formas rizotônicas.
Em vista do exposto, as três pessoas do singular e a 3.a do plural do pres. do indic. e subjuntivo têm sempre acentuada a penúltima sílaba:
frutifico, vociferas, sentencia, trafegam.

Exceções:
a) resfolegar e tresfolegar fazem resfólego, resfólegas, resfólega, resfólegam, etc. Existem ainda as formas reduzidas resfolgar e tresfolgar,
de acentuação regular: resfolgo, tresfolgo, etc.
 


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b) mobiliar faz mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais,
mobíliam; mobílie, mobílies, mobílie, etc. Existem ainda as formas
mobilar (1) e mobilhar que se conjugam de acordo com a regra geral: mobilo, mobilas; mobilho, mobilhas, etc.

(1) No Brasil só por imitação literária aparece este verbo. Dele nos diz Manuel Bandeira:
"Este lusitanismo está sendo introduzido por certos revisores à revelia dos autora; já me enxertaram a antipática palavra numa tradução minha, mas eu juro que não a escrevi, nem jamais a escreverei: escreverei sempre 'mobiliada'

(Poesia e Prosa, ed, Aguilar, II, 441).

Mobilar é forma de pouca aceitação entre brasileiros: "Eu vivia encantonada na sala da frente, que ia de oitão a outro, com várias sacadas para o largo, mobiliada (atenção revisor: não ponha 'mobilada', que é palavra que eu detesto) com uma cama-de-vento, uma cadeira e um lavatório de ferro" (MANUEL BANDEIRA) (2).

(2) Poesia e Prosa, 11, 459-460, ed. Aguilar.

Alternância vocálica ou metafonia. - Assim se chama a mudança de timbre que sofre a vogal do radical de um vocábulo na forma rizotônica. Muitos verbos da língua portuguesa apresentam este fenômeno:

ferver: fervo, ferves, ferve, fervemos, fervem (o e tônico é fechado na 1.a pess. do sing. e na 1.a e 2.a pess. do plural; nas outras, é de timbre aberto).

Na 1.a conjugação:

a) a vogal a, não seguida de m, n ou nh, passa a ser proferida bem aberta:

falar: falo, falas, fala, falamos, falais, falam
chamar: chamo, chamas, chama, chamamos, chamais, chamam

b) ao e fechado corresponde e aberto, exceto quando não vem seguido de m, n, nh, j, x, ch, lh :

levar. levo, levas, leva, levamos, levais, levam
remar: remo, remas, rema, remamos, remais, remam
alvejar: alvejo, alvejas, alveja, alvejamos, alvejais, alvejam
pretextar: pretexto, pretextas, pretexta, pretextamos, pretextais, pretextam
fechar: fecho, fechas, fecha, fechamos, fechais, fecham
aparelhar: aparelho, aparelhas, aparelha, aparelhamos, aparelhais, aparelham

Exceções: invejar (tem e aberto); chegar, ensebar não sofrem metafonia.

Pesar, no sentido de causar tristeza, desprezar, é arrolado também como exceção; porém, no Brasil, o uso mais corrente é conjugá-lo como levar. Os gramáticos recomendam-no com e fechado: pesa, pesam; pese,
pesem
, etc. (é verbo defectivo, só usado nas terceiras pessoas).
 


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c) a vogal o passa a o aberto quando não seguida de m, n, nh ou o verbo não termina por -oar:
tocar: toco, tocas, toca, tocamos, tocais, tocam
sonhar: sonho, sonhas, sonha, sonhamos, sonhais, sonham
perdoar: perdôo, perdoas, perdoa, perdoamos, perdoais, perdoam.

Na 2.a conjugação:

a) as vogais tônicas e e o soam com timbre aberto na 2.a e 3.a pessoa do singular e na 3.a do plural do pres. do ind. e na 2.a pess. sing. do imperativo afirmativo, salvo se vierem seguidas de m, n ou nh :

dever: devo (ê), deves (é), deve (é), devemos, deveis, devem (é)
roer: rói, roei (ô)
volver: volvo (ô), volves (ó), volve (ó), volvemos, volveis, volvem
(ô)
temer: temo (ê), temes (ê), teme (ê), tememos, temeis, temem.
comer: como (ô), comes (ô), come (ô), etc.

Exceções: querer e poder têm a vogal tônica aberta na 1.a pess. do sing.

Na 3.a conjugação:

a) a vogal e, última do radical, sofre alternâncias diversas quando nela recai o acento tônico:
1 - passa a i na 1.a pess. do sing. do indic., e em todo o presente do subj. e e aberto na 2.a e 3.a pess. sing. e 3.a do plural do pres. do indic.e 2.a pess. sing. do imperativo nos verbos:

aderir, advertir, aferir, assentir, auferir, compelir, competir, concernir, conferir, conseguir, consentir, convergir, deferir, desferir, desmentir, despir,
desservir, diferir, digerir,
discernir, dissentir, divergir, divertir, expelir, ferir, impelir, ingerir, mentir, preferir,
pressentir, preterir, proferir, prosseguir, referir, refletir, repelir, repetir, seguir, servir,
sugerir, transferir, vestir:

vestir: visto, vestes, veste, etc.

Observação: Se o e for nasal mantém-se inalterável, exceto na 1.a pess. singular do pres. do ind. e em todo o pres. do subj., onde passa a i:

sentir: sinto, sentes, sente, etc.

2 - passa a i nas três pessoas do singular e terceira do plural do pres. ind., em todo o pres. do subj. e imperativo, salvo, neste, a 2.a pess. pl.:

agredir, cerzir, denegrir, prevenir, progredir, regredir, transgredir, e remir (este defectivo; cf. 108).

Pres. ind.: agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem
Pres. subi.: agrida, agridas, agrida, etc.
Imp. afirmat.: agride, agrida, agridamos, agredi, agridam


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3 - os verbos medir, pedir, despedir, impedir e derivados têm e aberto nas formas rizotônicas, isto é, nas três pessoas do singular e 3.a do plural do presente do indicativo e subjuntivo, e no imperativo afirmativo, exceto, neste, na 2.a pessoa do plural:

Medir :
pres. ind.: meço, medes, mede, medimos, medis, medem
pres. subj.: meça, meças, meça, etc.
imper. afirm.: mede, meça, meçamos, medi, meçam.

4 - Os verbos aspergir, emergir, imergir e submergir têm e tônico fechado na 1.a pessoa do singular do presente do indicativo (e formas que daí se derivam); têm e aberto na 2.a e 3.a do singular e 3.a do plural do presente do indicativo (e formas que daí se derivam):

aspergir: asperjo (ê), asperges (é), asperge (é), aspergimos, aspergis, aspergem (é).

b) a vogal o sofre também alternâncias diferentes, quando nela recai o acento tônico:
1 - Passa a u na 1.a pessoa sing. do pres. ind., em todo o pres. subj. e no imperativo, salvo, neste, a 2.a pess. do singular e plural; e passa o aberto na 2.a e 3.a sing. e 3.a do plural do, pres. ind. e 2.a do singular do imperativo:

dormir :
pres. ind.: durmo, dormes, dorme, dormimos, dormis, dormem
pres. subj.: durma, durmas, durma, etc.
imper. afirm.: dorme, durma, durmamos, dormi, durmam

Assim se conjugam cobrir, descobrir, encobrir, recobrir, tossir. Dormir e tossir são regulares no particípio: dormido, tossido.

Para a conjugação de engolir e desengolir que, a rigor, deveriam seguir este modelo, veja-se o que se diz mais adiante.

2 - Passa a u nas três pessoas do sing. e 3.a do plural do presente do indicativo, em todo o pres. do subjuntivo e no imperativo afirmativo, exceto, neste, a 2.a pessoa do plural: :

sortir :
pres. ind.: surto, surtes, surte, sortimos, sortis, surtem
pres. subj.: surta, surtas, surta, etc.
imperat. afirm.: surte, surta, surtamos, sorti, surtam

Por este modelo se conjugam despolir e polir (cf. pág. 108). Antigamente
seguiam este paradigma cortir e ordir, hoje grafados curtir e urdir e de conjugação regular.

c) a vogal u da penúltima sílaba do radical passa a o aberto na 2.a e 3.a pess. do singular e 3.a do plural do presente do indicativo e na 2.a pessoa do singular do imperativo afirmativo:

acudir :
pres. ind.: acudo, acodes (ó), acode (ó), acudimos, acudis, acodem (ó)
pres. subj.: acuda, acudas, acuda, etc.
imper. afirm.: acode (ó), acuda, acudamos, acudi, acudam
 


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Assim se conjugam bulir, cuspir, escapulir, fugir, sacudir. Consumir e sumir têm o o fechado por estar seguido de m.

Observações:

1.a) Assumir, presumir, reassumir, resumir, são regulares:
Pres. ind.: assumo, assumes, assume, assumimos, assumis, assumem.

2.a) os verbos em -uir não apresentam alternâncias vocálicas no radical;
a 2.a e 3.a pessoa do singular do presente do indicativo têm is e i em lugar de
es e e, por haver ditongo oral:
constituir: pres. ind.: constituo, constituis, constitui, constituímos, constituís, constituem.

Assim se conjugam anuir, argüir, atribuir, constituir, destituir, diluir, diminuir, estatuir, imbuir, influir, instituir, instruir, puir (defectivo), restituir, redargüir, ruir.

3.a) Construir, desentupir, destruir, entupir (e cognatos) seguem este
modelo ou ainda admitem alternância. do u em o aberto na 2.a e 3.a pessoa do sing. e 3.a do plural do presente do indicativo e na 2.a pessoa do sing. do imperativo afirmativo.
Entupir e desentupir só se afastam do grupo porque apresentam es e e na
2.a e 3.a pessoa do sing. do pres. ind.: entupo, entupes (ou entopes), entupe (ou entope), entupimos, entupis, entupern (ou entopem).
construo, construis (ou constróis), construi (ou constrói), construímos,
construis, construem (ou constroem).

Estes verbos são portanto abundantes. Obstruir é, entretanto, conjugado
apenas como constituir. Cf. obs. 2.a

4.a) Engolir, ainda que se escreva com o, segue o paradigma de acudir; para o Vocabulário de nossa Academia: engulo, engoles, engole, engulimos, engulis, engolem.

Melhor fora, porém, conjugá-lo com o nas duas primeiras pessoas do plural
do pres. do indicativo, desfazendo-se a incoerência.

d) a vogal i do radical do verbo frigir passa a e aberto na 2.a e 3.a pess. sing. e na 3.a do plural do pres. do indicativo e na 2.a pess. sing. do imperativo afirm.:
Pres. ind.: frijo, freges, frege, frigimos, frigis, fregem.
Imper. afirm.: frege, frija, frijamos, frigi, frijam.

Verbos notáveis quanto à pronúncia ou flexão.

a) aguar, desaguar, enxaguar, minguar, apropinquar, conjugam-se com o seguinte modelo:
pres. ind.: águo, águas, água, aguamos, aguais, águam.
pres. subi.: ágüe, ágües, ágüe, agüemos, agüeis, ágüem.

OBSERVAÇÃO: Para o emprego do trema em apropinquar recorde-se o que se disse na pág. 72.

b) apaziguar, averiguar, obliquar, santiguar, conjugam-se pelo seguinte
modelo :

pres. ind.: apaziguo (ú), apaziguas (ú), apazigua (ú), apaziguamos, apaziguais, apaziguam (ú).
pres. subj.: apazigúe, apazigúes, apazigúe, apazigüemos, apazigüeis, apazigúem.
 


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c) Magoar, conjuga-se:
pres. ind.: magôo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam.
pres. subj.: magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem.

d) Mobiliar, conjuga-se:
pres. ind.: mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam.
pres. subj.: mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem.

OBSERVAÇÃO: A variante mobilar apresenta-se regularmente: mobilo,
mobila, etc.

e) Resfolegar, conjuga-se:
pres. ind.: resfólego, resfólegas, resfólega, resfolegamos, resfolegais, resfólegam.
pres. subj.: resfólegue, resfólegues, resfólegue, resfoleguemos, resfolegueís, resfóleguem.

OBSERVAÇÕES:
1.a) A forma contrata de resfolegar é resfolgar, que se apresenta
regularmente: resfolgo, resfolgas, resfolga, etc.
2.a) O substantivo é resfólego, proparoxítono.

f) Dignar-se, indignar-se, obstar, optar, pugnar, impugnar, ritmar, raptar, conjugam-se:

Presente do indicativo          
           
indigno-me (dí) obsto (ó) opto (ó) impugno (ú) ritmo (í) rapto (rá)
indignas-te (dí) obstas (ó) optas (ó) impugnas (ú) ritmas (í) raptas (rá)
indigna-se (dí) obsta (ó) opta (ó) impugna (ú) ritma (í) rapta (rá)
           
indignamo-nos obstamos optamos impugnamos ritmamos raptamos
indignais-vos obstais optais impugnais ritmais raptais
indignam-se (dí) obstam  (ó) optam (ó) impugnam (ú) ritmam (í) raptam (rá)

g) Obviar, conjuga-se:
pres. ind.. obvio (í), obvias (í), obvia (í), obviamos, obviais, obviam (í).

h) apiedar e moscar, conjugam-se:

apiedar - pres. ind.: apiedo, apiedas, apieda, apiedamos, apiedais, apiedam.

O Vocabulário Oficial confunde o antigo apiadar e apiedar numa conjugação que não aconselhamos:
pres. ind.: apiado, apiadas, apiada, apiedamos, apiedais, apíadam. (isto é, a nas formas rizotônicas e e nas arrizotônicas).

A mesma confusão existe, no Vocabulário Oficial, com moscar e muscar (sumir-se).
pres. ind.: musco, muscas. musca, moscamos, moscais, muscam (isto é, u nas
formas rizotônicas e o nas arrizotônicas).
 


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Mais certo seria conjugarmos regularmente moscar:
pres. ind.: mosco, moscas, mosca, moscamos, moscais, moscam;
e muscar:
pres. ind.: musco, muscas, musca, muscamos, muscais, muscam.

A correção, porém, talvez seja mais difícil, por serem muito pouco usados moscar e muscar.

i) Verbos com os ditongos fechados ou e ei : roubar e inteirar.

Conjugam-se não se reduzindo a vogais abertas o e e, respectivamente:

Roubar Inteirar
roubo (e não róbo, etc.) inteiro (e não intéro, etc.)
roubas inteiras
rouba inteira
   
roubamos inteiramos
roubais inteirais
roubam inteiram

j) Verbos com os ditongos fechados eu e oi : tipos endeusar e noivar.
Conjugam-se mantendo o ditongo sem que o e ou o o passem a timbre aberto:

endeuso, endeusas, endeusa, etc.;
noivo, noivas, noiva, etc.

OBSERVAÇÃO: O verbo apoiar tinha primitivamente fechado o ditongo; hoje é mais corrente proferi-lo aberto, o que justifica as formas apóio, apóias,
etc.

k) Verbos com o hiato au, ai e iu: tipos saudar, embainhar e amiudar.
Conjugam-se mantendo o hiato:

saudar embainhar amiudar
     
saúdo embainho amiúdo
saúdas embainhas amiúdas
saúda embainha amiúda
     
saudamos embainhamos amiudamos
saudais embainhais amiudais
saúdam embainham amiúdam


OBSERVAÇÃO: Arraigar (com hiato) passou desde cedo a arraigar (com ditongo, ar-rai-gar) e daí a arreigar. As formas com ditongo são mais freqüentes, embora modernamente se tenha restabelecido arraigar com hiato. Saudar proferido com ditongo (saudo, saudas, etc.) ocorre aqui e ali nos poetas e se fixa no falar coloquial e popular.

Verbos terminados em -zer, -zir: tipos fazer e traduzir. - Perdem o e final na 3.a pessoa sing. do presente do indicativo e 2.a pess. sing. do imperativo afirmativo (este caso não é obrigatório e até, com exagero, vem condenado pelos gramáticos), quando o z não é precedido de consoante:

fazer: faço, fazes, faz, etc. Imp. afirm.: faze (ou faz) tu
traduzir: traduzo, traduzes, traduz, etc. Imp. afirm.: traduze (ou traduz) tu
Mas, cerzir: cirzo, cirzes, cirze, etc.


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Variações gráficas na conjugação. - Muitas vezes altera-se a maneira de representar na escrita a última consoante do radical para conservar o mesmo som:

1 - os verbos terminados em -car e -gar mudam o c ou g em qu ou gu, quando tais consoantes são seguidas de e :

pecar: peco, peques;
cegar: cego, cegues.

2 - os verbos terminados em -cer ou -cir têm c cedilhado antes de a ou o:

conhecer: conheço, conheces, conhece;
ressarcir: ressarço, ressarces.

3 - os verbos terminados em -çar perdem a cedilha antes do e:

começar: começo, comeces.

4 - os verbos terminados em -ger ou -gir mudam o g em j antes de a ou o:

eleger: elejo, eleges;
fugir: fujo, foges.

5 - os verbos terminados em -guer ou -guir perdem o u antes de a ou o:

erguer: ergo, ergues, erga.
conseguir: consigo, consegues, consiga.

A vogal e passa a ser grafada i quando entra num ditongo oral (verbos em -uir): atribuo, atribuis, atribui.

Estas variações gráficas não constituem irregularidades de conjugação, não havendo, por isso, verbos irregulares gráficos.

Verbos em -ear  -iar. - Os verbos em -ear trocam o e por ei nas formas rizotônicas:

Nomear:
 pres. ind.: nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam.
pres. subj,: nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis, nomeiem.
imper. afirm.: nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem.

Os verbos em -iar são conjugados regularmente:

Premiar:
pres. ind.: premio, premias, premia, premiamos, premiais, premiam
pres. subj., premie, premies, premie, etc.
imper. afirm.: premia, premie, premiemos, premiai, premiem.

Cinco verbos em iar se conjugam, nas formas rizotônicas, como se terminassem em -ear (MARIO é o anagrama que deles se pode formar):

mediar: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam
ansiar: anseio, anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam
remediar: remedeio, remedeias, remedeia, remediamos, remediais,
remedeiam
incendiar: incendeio, incendeias, incendeia, incendiamos, incendiais,
incendeiam
odiar: odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam
 


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OBSERVAÇÕES:
1a) Enquanto no Brasil já vamos conjugando os verbos em -ear e -iar pelo
que acabamos de expor, entre os portugueses ainda se notam vacilações em muitos que, grafados com -iar, deveriam seguir o modelo de premiar, mas se acostam ao de nomear: além do próprio premiar, agenciar, comerciar, licenciar, negociar, penitenciar, obsequiar, presenciar, providenciar, reverenciar, sentenciar, vangloriar, vitoriar, evidenciar, gloriar, diligenciar, e outros.

2.a) Hoje não fazemos distinção entre crear (tirar do nada, dar existência) e
criar (educar, cultivar, promover o desenvolvimento), usando apenas criar
para ambos os casos, que se conjuga como premiar. Entre escritores modernos, porém, podem ocorrer exemplos de crear, conjugado como nomear.

3.a) A diferença de conjugação torna-se imperiosa nos parônimos: afear e afiar, arrear e arriar, estrear e estriar; vadear e vadiar, etc.

Quando grafar -ear ou -iar. - Grafam-se com -ear os verbos que possuem formas substantivas ou adjetivas cognatas terminadas em:

a) -é, -eio, -eia, -éia :
pé - apear
passeio - passear
ceia - cear
idéia - idear

Exceção: fé - fiar

b) consoante ou pelas vogais átonas -a, -e -o precedidas de consoante:
mar - marear
casa - casear
pente - pentear
branco - branquear

Exceções:
amplo - ampliar
breve - abreviar
finança - financiar
graça - agraciar

lume - alumiar
sede - sediar
êxtase - extasiar

1ncluem-se entre os verbos em -ear: atear, bambolear, bruxulear, cecear, derrear, favonear, pavonear, semear, vadear.

Grafam-se com -ar os verbos que possuem formas substantivas cognatas
terminadas em:
a) -io, -ia:
alívio - aliviar
sócio associar
óbvio obviar
delícia - deliciar
polícia - policiar
assovio - assoviar

b) -ância, -ência, -ença:
distância - distanciar
diligência - diligenciar
presença - presenciar
sentença - sentenciar

Incluem-se no rol dos verbos em -iar: anuviar, apreciar, depreciar, saciar.

Observação: Muitas vezes o final -ear ou -iar se pode alternar com o
simples -ar: azular ou azulear; bajar ou bagear (produzir vagens); diferenciar
ou diferençar; balançar ou balancear, etc.
 


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Erros freqüentes na conjugação de alguns verbos

a) Vir e seus derivados
No presente do indicativo temos:
venho, vens, vem, vimos (e não viemos), vindes, vêm.

No pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram.

O gerúndio é igual ao particípio, porque neste desapareceu a vogal temática: vindo (vi-ndo) e vindo (vin-i-do).

Notem-se estes erros comuns nos derivados de vir, no pret. perf. ind.:

Os guardas interviram na discussão (por intervieram).
A professora interviu no caso (por interveio).

O futuro do subjuntivo é vier: Quando eu vier... (e não vir).

b) Ver e seus derivados
Prover não se conjuga como ver no:

pret. perf. ind.: provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram.
m.-q.-perf. ind.: provera, proveras, provera, provêramos, provêreis, proveram.
imperf. subj.: provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis, provessem.
fut. subi.: prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem.
particípio: provido.

Rever é conjugado por ver; por isso está errada a flexão em:

A aluna reveu (em vez de reviu) a prova.

Antever é conjugado como ver e, por isso, enganou-se o nosso Casimiro
de Abreu ao escrever:
"Quem antevera (com e) que dum povo a ruína
Pelo seu próprio rei cavada fosse?" (Obras, 34, ed. S. DA SILVEIRA).

O futuro do subjuntivo é vir:

Quando eu vier à cidade e vir oportunidade de comprá-lo, então o farei (e não ver!).

c) Precaver-se.

É verbo defectivo que nada tem com ver ou vir; por isso evite-se dizer

Eu me precavejo ou Eu me precavenho.
Precavejam-se ou Precavenham-se.

Para sua conjugação, veja-se pág. 108.

d) Reaver.

É verbo defectivo, derivado de haver, que só se conjuga nas formas em que este possui -v-. Não se deve dizer:

Eu reavejo ou Eu reavenho.

Cuidado especial merece também o pret. perf.: reouve, reouveste, reouveram.


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Por isso evitem-se empregos. como: eu reavi, ele reaveu, etc. Cf. Pág. 108.

e) Ter e seus derivados
Deter, derivado de ter, conjuga-se como este. Logo está errada a frase:

O policial deteu (por deteve!) o criminoso.

f) Por e seus derivados.

Opor é derivado de por e por ele se modela na conjugação. Assim enganou-se o poeta Porto-Alegre nestes versos, usando opor em vez de opuser :

"Se aos paternos errores de contraste,
E à minha influição opor virtudes"
(Colombo, 11, 154 apud S. Silveria, Obras de Casimiro de Abreu, 34).

g) Estar e seus derivados.

Sobrestar é derivado de estar e por ele se conjuga; porém, costuma-se ver modelado pelo verbo ter, como se fosse sobrester. Assim não está certo o seguinte exemplo de Alberto de Oliveira:

"Deixando a enferma, sobrestenho o passo"
(Poesias, 4.a série, apud S. SILVEIRA, ibid.).

h) Haver-se e avir-se.

Estes verbos têm empregos diferentes. Haver-se significa:

1) proceder, portar-se :

"Ele, porém, houve-se com a maior delicadeza"
(M. De Assis, Brás Cubas, 364).

2) ser chamado a ordem, entrar em disputa com alguém, conciliar, (haver-se com alguém), e aparece nas ameaças:

Ele tem de se haver comigo.

"Aquele que sobre ti lançar vistas de amor ou de cobiça, comigo se haverá"
(MARTINS PENA, Comédias, 139 apud S. Silveira, Lições, 361).

Avir-se é sinônimo de haver-se, no sentido 2), isto é, significa entrar em acordo com, conciliar:

"Lá se avenham os sorveteiros com Boileau" (Filinto Elísio, Obras, V, 46 apud
R. Barbosa, Réplica, 391 nota).

Desavir-se é o contrário de avir-se:

Os amigos se desavieram (e não se desouveram!) por muito pouco.

Erra-se freqüentes vezes empregando-se, nas ameaças, avir-se por haver-se :

Ele tem de se avir comigo (em lugar de se haver).